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  • Foto do escritorFlávio Garcia

Odontologia Sistêmica - A importância da saúde bucal para a saúde geral do paciente!

Atualizado: 19 de mar. de 2021




Há tempos, a odontologia é vista como uma área técnica onde seu principal foco é estético e funcional. As redes sociais refletem essa visão: a maioria dos perfis dos colegas dentistas são sobre facetas, lentes de contato e a harmonização orofacial.


E não há nada de errado nisso, pois uma pessoa satisfeita com o espelho tem sua auto estima em alta e isso reflete no seu bem-estar.


Esse texto não é uma crítica à odontologia estética, apenas quero mostrar um outro lado, às vezes esquecido, que trata a saúde do paciente como um todo, afinal de contas, dentistas são PROFISSIONAIS DE SAÚDE.


A saúde começa pela boca!


Tive a ideia desse artigo em uma consulta a uma paciente em quimioterapia, em um grande hospital de Brasília. Fui chamado para sessões de laser para tratamento de mucosite, que são como aftas que se espalham na boca de pessoas submetidas a tratamento de câncer. Na entrada da UTI, me apresentei à enfermeira de plantão e expliquei que a família havia me contratado para aplicar laser na paciente. Com cara de espanto ela disse: “Laser?! Por que você vai fazer clareamento nela?!”.


Há tempos, nós dentistas repetimos o mantra “a saúde começa pela boca”, mas nunca paramos para esmiuçar o que essa frase realmente significa. Antigamente, os médicos de família, aqueles que faziam visitas mensais às casas ou que nos consultavam nos postinhos de saúde, começavam sua avaliação com uma boa olhada na nossa boca: bochechas, garganta, língua, dentes… nada passava despercebido pelo doutor, pois ele sabia que a boca era um termômetro da saúde do paciente! Um sapinho ou herpes podem indicar de uma infecção que está por vir, uma coloração pálida da gengiva pode indicar uma anemia. A mucosa da boca é muito sensível e pode refletir a saúde (e na saúde) da pessoa.


Periodontite: um risco real para a saúde de todo o organismo!


Uma das áreas da Odontologia é a Periodontia, que estuda os tecidos de suporte do dente (gengiva, osso, tecidos moles). A Doença Periodontal (periodontite) que acomete esses tecidos, é a segunda maior causa de perda de dentes. É uma doença inflamatória, infecciosa, silenciosa e de difícil tratamento quando diagnosticada tardiamente. Estudos nessa área comprovam a estreita ligação entre saúde periodontal e saúde sistêmica.


Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que 16 milhões de brasileiros sofrem de diabetes. Ainda de acordo com o estudo, a taxa de incidência da doença cresceu 61,8% nos últimos dez anos. Pacientes nessas condições apresentam maior risco à periodontite e, numa relação de mão dupla, maior dificuldade de controle glicêmico.


Gestantes devem fazer, junto ao pré natal médico, também um odontológico. Não existem contraindicações ao tratamento odontológico, mas é importante manter a saúde gengival, pois vários artigos relacionam parto prematuro e baixo peso ao nascer de crianças cujas mães apresentavam periodontite.


Outra especialidade é a Endodontia, que faz o tratamento dos canais radiculares. Um

dente que precisa fazer canal, mas por algum motivo (tempo, medo, desconhecimento)

não foi tratado, pode evoluir para uma infecção sistêmica, que é quando ela se espalha

para outras partes do corpo, como pele, coração e pulmão.


Por isso existem atualmente dentistas em UTI de alguns hospitais. Eles fazem prevenção

e busca de infecções, ajudando a diminuir o tempo de internação e melhorando a

qualidade de vida dos pacientes.


Odontologia Hospitalar, Intensiva, Domiciliar, Sistêmica; são várias nomenclaturas com a

mesma finalidade: cuidar do paciente como um todo, um ser completo e complexo.


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